Proposta de Classificação das Portas de Ródão como Monumento Natural
As “Portas do Ródão” constituem o ex-libris natural da área. O Prof. Galopim de Carvalho considera as Portas do Ródão um dos principais Geomonumentos, ao nível da paisagem, existentes em Portugal (Carvalho, 1999).
A existência das Portas do Ródão nesta região terá condicionado a evolução da paisagem nos últimos milhões de anos. Este monumento constitui uma marca indelével, uma referência geográfica, cénica e simbólica verificando-se, na região em estudo, uma profunda identidade entre as gentes e as Portas de Ródão.
A amenização climática causada por uma orografia protectora e por um grande rio com efeito moderador terá permitido a sobrevivência de derradeiro “paraíso ecológico” para plantas, animais e homens, durante o pico da última glaciação. Terá possibilitado a instalação precoce de comunidades humanas, desde há mais de 300.000 anos.
Porquê classificar esta área?
Os estudos que há muitos anos têm sido efectuados na área deram suporte à convicção de que os valores em presença eram efectivamente relevantes. Os trabalhos de preparação desta candidatura confirmaram essa importância.
Há duas grandes finalidades que se pretendem alcançar com esta proposta:
Porquê a opção pela figura de Monumento Natural?
Conceito de monumento natural:(DL nº 19/93 de 23 de Janeiro, art. 8º).
“…uma ocorrência natural contendo um ou mais aspectos que, pela sua singularidade, raridade ou representatividade em termos ecológicos, estéticos, científicos e culturais, exigem a sua conservação e a manutenção da sua integridade.”
É esta singularidade e aquilo que ela representa em termos regionais e nacionais que impulsionou a presente proposta de classificação.
Área a Classificar: 965,368 Ha,
SÍNTESE DOS VALORES EM PRESENÇA
Geológicos e geomorfológicos:
Biológicos:
Históricos, simbólicos, estéticos e económicos:
Potencialidades:
As Portas de Ródão poderão vir a ser um laboratório vivo onde se desenvolverão projectos de investigação e de sensibilização ambiental em áreas como a biologia, geologia, arqueologia, paleontologia.
Apresentam um potencial didáctico para que as escolas utilizem o espaço e os valores para leccionar matérias que em contexto de sala de aula assumem um carácter menos motivador.
Apresenta um elevado potencial para o turismo de natureza com actividades de lazer ligadas à observação de aves, pedestrianismo, desportos aquáticos e radicais.
Capacidade de atracção de visitantes ocasionais e investigadores que sirvam de leit motiv para projectos de desenvolvimento e investigação que se estendam progressivamente para os territórios vizinhos.
Áreas de sensibilidade ecológica
Este processo desenrolou-se durante o período compreendido entre Setembro de 2004 e Agosto de 2005.
As autarquias de Ródão e Nisa foram os promotores da candidatura e a coordenação dos trabalhos esteve a cargo de Jorge Gouveia, em representação da Associação de Estudos do Alto Tejo.
Colaboraram neste projecto, enquanto parceiros, as seguintes instituições e investigadores:
Associação de Estudos do Alto Tejo, Parque Natural da Serra de São Mamede, Parque Natural do Tejo Internacional, Prof. Dr. Pedro Proença e Cunha (Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra), Prof. Dr. António Martins (Departamento de Geociências da Universidade de Évora), Dr. Carlos Neto de Carvalho (Gabinete de Geologia e Paleontologia do Centro Cultural Raiano, de Idanha-a-Nova), Eng.º João Caninas e Dr. Francisco Henriques (arqueólogos da Associação de Estudos do Alto Tejo), Dr. Jorge Oliveira (Departamento de História da Universidade de Évora), Dr. Luís Raposo (Museu Nacional de Arqueologia).
O Grupo Português da ProGEO e a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves emitiram um parecer apoiando formalmente esta proposta de classificação.