Tese de doutoramento sobre o megalitismo da Beira Baixa

João Carlos Pires Caninas defendeu dia 9 de Dezembro, na Universidade de Évora, em provas públicas para a obtenção do Grau de Doutor em Arqueologia, a tese: Megalitismo e Povoamento entre o Zêzere e o Tejo na Região de Castelo Branco: Identidades.

A orientação foi da responsabilidade do prof. Doutor Jorge Oliveira (Universidade de Évora, Departamento de História) e o júri constituído por António Candeias (presidente do júri - Universidade de Évora, Departamento de Química) António Faustino Carvalho (vogal - Universidade do Algarve, Departamento de Artes e Humanidades); Raquel Vilaça (Vogal - Universidade de Coimbra, Departamento de História, Arqueologia e Artes); Primitiva Bueno Ramírez (Vogal - Universidad de Alcalá, Departamento de História e Filosofia); Mariana Diniz (Vogal - Universidade de Lisboa, Departamento de História) e Leonor Rocha (Vogal - Universidade de Évora,Departamento de História). O júri, por unanimidade e com distinção, atribui-lhe a nota máxima. João Carlos Caninas é licenciado em Engenharia Electrotécnica e Computadores, pelo Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa e mestre em Arqueologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

O novo doutor é natural de Lisboa, onde nasceu a 6 de setembro de 1959, e encontra-se visceralmente ligado ao concelho de Vila Velha de Ródão por laços familiares, de trabalho e investigação, é um dos fundadores da Associação de Estudos do Alto Tejo. Há mais de quatro décadas que investiga arqueologicamente o sul da Beira Baixa (concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão) tendo publicado mais de uma centena de artigos científicos sobre a região, em revistas da especialidade portuguesas e estrangeiras.

Enquanto arqueólogo profissional desenvolve actividade em todo o país, através da empresa EMERITA – Empresa Portuguesa de Arqueologia, de que é proprietário. A tese regista na área em apreço e para o período da Pré-história Recente, um conjunto de 352 sepulturas, de tipo monticular, contextualizadas com os sítios de habitat e de arte rupestre.

Faz referência aos principais protagonistas da investigação deste tipo de monumentos, onde apresenta o seu enquadramento geológico, morfológico e outros factores ambientais; a sua distribuição e os principais factores que a condicionam, como a utilização do solo, da antiguidade aos nossos dias.

Do documento pode concluir-se da ocupação deste território desde o Neolítico e uma diacronia funerária que medeia entre o Neolítico Antigo evolucionado e o Bronze Final, ainda que não existam datações absolutas. João Carlos Caninas dá especial atenção aos trinta monumentos que foram sujeitos a sondagens e a escavações arqueológicas, caracterizando as tipologias construtivas e os artefactos, sustentando nelas a delimitação de três subgrupos regionais correspondentes ao concelho de Oleiros, aos concelhos de Proença-a-Nova e de Vila Velha de Ródão e ao sector meridional do concelho de Idanha-a-Nova.

Em suma, a tese agora defendida e que será publicada, em breve, torna-se num documento indispensável para o conhecimento da pré-história recente e do megalitismo, para a área referida e constitui um tributo ao labor de investigação contínuo realizado pelo autor, pela Associação de Estudos do Alto Tejo e por todos aqueles que, no âmbito desta Associação, se envolveram nesta caminhada de persistência, na demanda do conhecimento da presença humana na região sul da Beira Interior.